Produção de soja se consolida na Amrec e na Amesc

Tiago Monte

Criciúma

A pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) de 2023, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta uma consolidação no plantio de Soja na Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec) e também na Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc). No ano passado foram 10.700 hectares plantados nas duas regiões. Um crescimento de 21,59% em relação a 2022, quando haviam 8.800 hectares do cultivo. “Isso mostra uma consolidação do cultivo desta leguminosa nessas duas regiões, tendo os destaques nos municípios de Içara, em primeiro lugar, e Criciúma, em segundo”, explica Jair Aguilar Quaresma, engenheiro agrônomo e Supervisor das pesquisas agropecuárias do IBGE em Santa Catarina.

Outro cultivo importante nas regiões é o do arroz. Santa Catarina se destaca como segundo produtor nacional do grão e a Amrec e a Amesc têm os seis primeiros colocados, entre os municípios do estado. “Turvo é o primeiro, seguido por Forquilhinha, Meleiro, Nova Veneza, Jacinto Machado e São João do Sul. Houve uma troca de posições entre Forquilhinha e Meleiro, de 2022 para 2023”, comenta Jair.

A quantidade produzida de cereais, leguminosas e oleaginosas, grupo que contempla alguns dos principais produtos agrícolas como soja, milho e arroz, foi de 7,1 milhões de toneladas, em 2023, em Santa Catarina.

Indústria fumageira recupera território na região

Cultivo que vem sendo substituído, por grande parte dos produtores, o fumo recuperou território, conforme os dados da PAM. Içara está na nona posição, em nível estadual, e Orleans vem logo atrás na quantidade de área plantada.

A Amrec e a Amesc tiveram aumento no território plantado. “Nós tínhamos, em 2022, 11.100 hectares, e passou para 11.390 hectares. Um aumento de, aproximadamente, 2,6%. Já em relação ao valor da produção, em 2022, foram R$ 367 milhões e, em 2023, R$ 474 milhões. Um aumento de 29%. Isto se reflete devido aos constantes aumentos do preço do fumo”, comenta o engenheiro.

A PAM fornece informações sobre os 64 principais produtos agrícolas do Brasil. As variáveis investigadas são a área plantada, a área colhida, rendimento médio, quantidade produzida e valor da produção, sendo, este último, fundamental para o cálculo do produto interno bruto nacional, estadual e municipal. “A divulgação dos resultados é para o Brasil, unidades da federação e municípios. Destacamos que a produção catarinense, em 2023, foi a nona entre as 27 unidades da federação, subindo duas posições em relação a 2022, quando era a 11ª colocada. Já o percentual do Estado, no valor da produção nacional, que era de 2,4% em 2022, aumentou a participação para 2,8% em 2023”, detalha Jair.

Safra bate recorde, mas valor da produção cai

Após seis anos de altas, o valor de produção das principais culturas agrícolas do país caiu 2,3% em 2023, frente a 2022, e alcançou R$ 814,5 bilhões. A safra de grãos, por outro lado, bateu recorde, alcançando 316,4 milhões de toneladas, volume 19,6% maior do que a produção do ano anterior. A área plantada do país, considerando todas as culturas, totalizou 96,3 milhões de hectares, uma ampliação de quase 5,0 milhões de hectares, ou seja, expansão de 5,5%, mantendo o ritmo de crescimento observado ao longo dos últimos anos.”Após a escassez de água em 2022 ter afetado o desempenho das lavouras naquele ano, principalmente a produção de grãos, em 2023 percebemos que as chuvas foram mais bem distribuídas durante todo o período, desde o plantio até a colheita. Isso fez com que tivéssemos uma recuperação da produtividade dessas lavouras, o que impactou diretamente no aumento da produção no ano”, destaca Winicius Wagner, supervisor da pesquisa.

Por outro lado, o pesquisador do IBGE pontuou como fator conjuntural relevante que, com o aumento na produção de grãos, o mercado se autorregulou e houve queda nos preços desses produtos, aspecto que explica a queda no valor de produção das culturas agrícolas em 2023.

Soja, cana-de-açúcar, milho e algodão registraram recordes de produção na série histórica e, somados ao café, foram os cinco primeiros produtos no ranking de valor de produção, com resultados variados na comparação entre 2022 e 2023: soja (0,4%), cana-de-açúcar (8,5%), milho (-26,2%), café (-15,2%) e algodão (-9,0%). “A safra recorde de grãos pode ser justificada, além da recuperação na produtividade, pela manutenção do ritmo de ampliação das áreas de cultivo, visto que ao longo dos anos as áreas vêm se ampliando em uma média de aproximadamente 4% a 5% ao ano, o que em 2023 não foi diferente”, ressalta Winicius.

Outros produtos que registraram recorde de produção foram amendoim, alho, melão e sorgo, entre as colheitas temporárias, e azeitona, borracha, erva-mate e uva, entre as colheitas permanentes.

Queda no valor de produção do milho contrasta com recorde de área

O milho, que em 2023 respondeu por 41,7% da produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas do país, por mais um ano apresentou aumento de produtividade das lavouras e ampliação das áreas de produção. As 132,0 milhões de toneladas colhidas representaram um crescimento de 20,2% frente ao volume obtido no ano anterior, mesmo com algumas perdas causadas pela estiagem que assolou o Centro-Sul do país durante os meses de verão. “Os produtores, por mais um ano, investiram na ampliação das áreas de cultivo na 2ª safra, em sucessão às principais culturas de verão, mais notadamente a soja, resultando no aumento da área total colhida no Brasil”, explica Winicius.

A área colhida de milho em 2023 aumentou 5,9%, resultando em 22,3 milhões de hectares. Já o valor de produção sofreu uma retração de 26,2%, totalizando R$ 101,8 bilhões. “Contrastando com o bom resultado alcançado no campo, a oferta excessiva de milho no mercado e os elevados estoques tiveram impacto direto nas cotações da commodity, que estiveram em queda ao longo do ano, resultando numa retração no valor gerado”, salienta o pesquisador do IBGE.

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