Cultura e educação abandonados em Araranguá

Araranguá
Edson Padoin
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O Teatro Célia Belizária de Souza, um dos principais espaços culturais de Araranguá, segue totalmente abandonado desde o incêndio que destruiu seu auditório em setembro de 2022. Até o momento, nenhuma ação efetiva foi tomada para recuperar a estrutura. O local, que já foi palco de inúmeras apresentações culturais e educativas por diversos anos, se tornou um ponto de risco, frequentado por moradores de rua e usuários de drogas.

A situação do teatro reflete um problema maior: o abandono também afeta a Escola de Educação Básica de Araranguá, que está localizada no mesmo terreno, na Avenida Getúlio Vargas. A escola estadual entrou em reforma em 2020, mas as obras ainda não foram concluídas, mesmo com a promessa de entrega para junho de 2022. Em março de 2025, a unidade permanece com a reforma inacabada, enquanto a comunidade e os alunos aguardam por melhorias essenciais. Uma placa na frente da escola informa que o custo da obra é de R$ 3.372.146, mas a obra continua sem avanços visíveis. Em outra placa, é possível ler que estão em busca de mão de obra, o que reforça a falta de comprometimento com a finalização dos trabalhos.

Frustração

A falta de ação por parte do governo estadual sobre a revitalização do teatro é motivo de frustração para a população local. O município de Araranguá tentou diversas vezes negociar com o governo estadual para que o teatro fosse municipalizado, mas a proposta foi constantemente negada. Para a comunidade, a reativação do Teatro Célia Belizária de Souza representa a volta de um espaço de grande importância cultural, não só para a cidade, mas também para os estudantes da região.

Possível municipalização do espaço

A diretora de Cultura de Araranguá, Micheline Vargas de Matos Rocha, falou sobre as tentativas do município de reverter a situação. “O prefeito de Araranguá já teve várias conversas com o governo estadual, buscando uma solução para o Teatro Célia Belizária de Souza. Nosso desejo é que o espaço seja reativado, pois ele é de extrema importância tanto para a comunidade quanto para a escola estadual à qual está anexado, que também deseja continuar utilizando o local. Estamos em constante negociação, e nossa meta é fazer com que o teatro volte a funcionar, oferecendo à população de Araranguá um ponto cultural vital. Continuamos em negociação com o governo estadual para a municipalização do teatro, mas o governo não demonstra que vai ceder.”

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação, responsável pela administração do teatro e da escola, buscando um posicionamento oficial sobre a situação. No entanto, até a conclusão desta matéria, nenhum retorno foi dado.

Placa aponta que obra deveria ter sido entregue em 2022

“É um grande vazio cultural para a cidade”

Um morador que prefere não se identificar expressou sua frustração com a situação. “É muito triste ver o espaço assim, abandonado. Um lugar tão importante para a nossa cidade, que já foi palco de tantos momentos culturais. É uma verdadeira pena que esteja nessa situação. Esperamos que algo seja feito para revitalizá-lo, que as autoridades e a comunidade se mobilizem para que o teatro volte a ser o que era: um ponto de encontro e de cultura para todos. Eu mesmo estudei aqui, e o Teatro Célia Belizária de Souza sempre foi um lugar muito querido e conhecido por todos nós.”

Outra moradora, que também preferiu não se identificar, lamentou a transformação do espaço em um local de risco. “Infelizmente, o que vemos hoje é um espaço abandonado, que acabou se tornando um local de risco, frequentado por moradores em situação de rua e usuários de drogas. Não há nenhuma movimentação de obras ou melhorias, apenas alguns tijolos colocados para evitar o acesso na estrutura, sem um plano real de revitalização. Quando o teatro estava funcionando, era um ponto de referência para a cidade, sempre com eventos culturais de qualidade. As escolas faziam apresentações e o espaço estava sempre ativo. Desde que fechou, Araranguá ficou sem um auditório adequado, o que é um grande vazio cultural para a cidade. Acredito que, se o teatro fosse municipalizado, poderia voltar a ser o que era, um centro cultural vibrante. O que estamos vendo hoje é um lugar se desmanchando, e precisamos agir para evitar que isso aconteça.”

Sobre a escola, a moradora salientou que nunca viu um trabalhador na unidade. “A reforma e a ampliação da escola começou na época da pandemia, mas até hoje não foi finalizada. Nunca vi ninguém trabalhando na unidade”, completou.

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