Região Sul pode ser atingida por “chuva preta”

Criciúma
Edson Padoin
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O cenário atmosférico que atingiu diversas partes do país nas últimas semanas tem sido um reflexo alarmante das queimadas intensas que assolam o Brasil e outras regiões. Nesta terça-feira, o Rio Grande do Sul registrou um fenômeno climático pouco comum, mas não inédito: a chuva preta. Esse evento, diretamente ligado à alta concentração de fuligem e poluentes no ar, aponta para uma crise ambiental crescente. Nos próximos dias, esse tipo de fenômeno também pode acontecer na região Sul.

O que se tem observado é a combinação de condições meteorológicas adversas e a poluição atmosférica resultante das queimadas. O tempo seco e as temperaturas elevadas, somados ao céu cinzento devido à presença de fumaça, criaram um ambiente propício para o fenômeno da chuva preta. Segundo o MetSul Meteorologia, a situação deve se agravar com a chegada de uma frente fria que, a partir de hoje, deve atingir o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

FRENTE FRIA

A frente fria, associada a um ciclone extratropical localizado a leste da Patagônia, está atualmente sobre o Centro da Argentina e o Uruguai. Embora o sistema esteja apresentando pouca atividade, já provoca mudanças no clima de Montevidéu e Buenos Aires, com uma queda nas temperaturas e alteração no padrão dos ventos. A previsão é que, com o avanço dessa frente fria, a fuligem presente na atmosfera possa precipitar-se junto com a chuva, resultando na chuva preta.

O fenômeno é desencadeado quando partículas de fuligem, resultantes da queima incompleta de combustíveis fósseis e biomassa, são suspensas no ar. Essas partículas microscópicas, compostas principalmente de carbono, permanecem na atmosfera e se misturam com as gotículas de chuva. Quando a chuva cai, ela carrega essas partículas, resultando na precipitação conhecida como chuva preta. Embora a cor da chuva não seja necessariamente preta, a presença de fuligem é um indicativo de altos níveis de poluição atmosférica.

FORMAÇÃO

O meteorologista Piter Scheuer esclarece que a ocorrência da chuva preta é um fenômeno esperado em condições de alta poluição. “Esse fenômeno é normal. Quando você tem fumaça na atmosfera, tem ali partículas microscópicas que favorecem a formação do carbono. Junto com a fuligem isso acaba se misturando com as gotículas de chuva e aí nasce a chuva preta. Então é normal acontecer”, afirma Scheuer.

A previsão é de que o fenômeno não se limite ao Rio Grande do Sul. De acordo com os modelos de aerossóis, como o CAMS europeu, a concentração de fumaça sobre o estado será uma das mais expressivas da América do Sul. A instabilidade frontal associada à frente fria poderá trazer chuva preta também para Santa Catarina nos próximos dias.

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