O Mundo de Douglas: professora escreve livro sobre inclusão

Criciúma
Edson Padoin
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Buscando abordar sobre seletividade alimentar e a inclusão escolar, uma educadora inclusiva da Escola Padre Miguel Giacca, em Criciúma, desenvolveu um livro infantil chamado “O Mundo de Douglas”. O livro, que está previsto para ser lançado em dezembro, busca compartilhar uma mensagem de esperança e superação com crianças atípicas e não atípicas.

Kitania Kurtz atua há 13 anos com educação, porém iniciou há três anos na educação especial. “Anteriormente eu trabalhava com a educação infantil e optei por fazer essa troca. Hoje sou totalmente apaixonada pelo o que faço, amo os meus alunos e amo trabalhar com a inclusão”, detalhou.

Seletividade

A educadora começou a perceber a seletividade alimentar de um aluno desde o início do ano letivo. “Comecei o ano trabalhando aqui na Escola Padre Miguel Giacca, onde entrei para a vaga de professora do Douglas Rodrigues da Silva. Desde o começo do ano, eu percebi que ele tinha seletividade alimentar”, relatou a professora. A situação se agravava quando Douglas não aceitava comer o lanche oferecido na escola, o que o levava a trazer comida de casa.

A mudança começou quando Kitania propôs que Douglas desse uma chance ao cardápio da escola. “Um certo dia, ele topou em olhar o que tinha de cardápio na escola, e nesse dia as merendeiras tinham feito pão com carne. Ele experimentou e se apaixonou. Depois disso, ele come todas as refeições da escola e está aceitando super bem”, contou Kitania, visivelmente emocionada com a transformação do aluno.
coragem

O livro, segundo Kitania, é uma forma de transmitir valores essenciais. “No livro, busco passar a mensagem de duas palavras que vão bem de encontro ao conteúdo: fé e coragem. Queremos mostrar que é possível vencer a seletividade alimentar e que precisamos falar da inclusão dentro do ambiente escolar”, afirmou a professora. Com ilustrações que atraem a atenção das crianças, “O Mundo de Douglas” tem como objetivo sensibilizar a sociedade sobre a importância da inclusão.

“Trabalho maravilhoso e inclusivo”

A mãe de Douglas, Cleusa Maria Rodrigues, destacou o processo de diagnóstico do filho. “A história dele é longa. Há 15 anos, não se falava muito sobre autismo. O diagnóstico dele foi um processo difícil, mas sempre fiz o possível para ajudá-lo. No começo eu não queria aceitar, mas ao longo dos anos foi possível notar que o desenvolvimento dele era diferente quando comparado com outras crianças. Quando ele tinha sete anos, busquei uma neuropsicóloga que confirmou o diagnóstico. Hoje ele está no grau dois de suporte, mas o primeiro diagnóstico dele foi grau um”, relembrou Cleusa.

Confiança

A relação de apoio e confiança construída entre Kitania e Douglas foi fundamental para o progresso do aluno. “Quando soube que a professora estava fazendo um livro sobre a história dele, foi emocionante. Em todos esses anos que o Douglas está estudando, poucas vezes a gente viu realmente a inclusão acontecer. E a Kitania faz exatamente isso. O trabalho dela é maravilhoso e realmente inclusivo”, declarou a mãe, com lágrimas nos olhos. “É maravilhoso saber que o livro vai entrar em muitas casas onde mães podem estar passando por esse problema de seletividade alimentar”, completou.

Douglas, agora com 16 anos, expressou sua satisfação com a experiência escolar. “Eu gosto muito de estudar e tenho um apoio muito bom na escola. Não queria comer porque eu tinha que pegar muito tempo na fila, mas agora vou todo dia na cantina junto com a minha professora”, contou. Ao ser questionado sobre seu lanche favorito, o aluno não pensou duas vezes: “pão com carne”, afirmou com um sorriso no rosto.

Metodologia aplicada dentro da sala de aula

A inclusão na Escola Padre Miguel Giacca não se limita apenas à alimentação. Kitania explica que o processo é abrangente e envolve o trabalho em sala de aula. “Nós somos as segundas professoras. Trabalhamos diretamente com o aluno atípico na sala de aula, mas ele também está no mesmo ambiente com os outros alunos. Isso que é inclusão: trabalhar dentro do ambiente escolar, e não separadamente”, explicou.

O trabalho de Kitania exemplifica como a educação inclusiva pode transformar a vida de estudantes. “Ele senta onde escolhe e, quando precisa de apoio, estou lá para ajudar com adaptações”, enfatizou a professora.

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