História que envolve coragem e determinação é celebrada em Siderópolis

Siderópolis
Alexandra Cavaler
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O dia 19 de dezembro marca a conquista da emancipação político-administrativa de Siderópolis. Em 1958, o município deixava de ser distrito de Urussanga e ganhava a própria identidade. Hoje, a cidade do interior de Santa Catarina tem, aproximadamente, 14 mil habitantes e é altamente conhecida pelas suas belezas naturais. Para celebrar a data, o Governo Municipal organizou uma série de ações especiais.

A programação inicia com uma missa em ação de graças, às 19h, na Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida. Em seguida, às 20h15, ocorre o ato oficial na Piazza Nova Belluno, comemorando os 66 anos de Siderópolis. O evento integra a programação do “Natal da Esperança”, que contará com diversas atrações artísticas até o final do mês. Após o ato oficial, estão programados dois shows: Banda Plano B (21h), e Banda Neguinho (23h). As festividades continuam até segunda-feira, dia 23.

AGRADECER

O prefeito Franqui Salvaro destacou a importância do momento. “Será uma oportunidade de agradecer e comemorar junto à população sideropolitana por mais um ano de conquistas e realizações”, assinalou. Já, de acordo com o assessor de Cultura e Turismo do município, Arisson Fabrício Nunes, o Papai Noel marcará presença no evento, que também contará com uma praça gastronômica. “Convidamos toda a comunidade para participar das comemorações do aniversário do município. Venha dançar, cantar e celebrar os 66 anos da nossa cidade”, convidou.

A contribuição dos negros à cidade

Eliana dos Santos, a professora Nani, é formada em Estudos Sociais, com especialização em Ciências Sociais; casada com Gilmar Aurélio dos Santos, com quem tem três filhos. Nani, que também passou pelo legislativo sideropolitano, conta um pouco da história dos negros em Siderópolis e a contribuição dos mesmos para o desenvolvimento da cidade. “Estudos relatam que por volta de 1930, Siderópolis já era habitado por afrodescendentes oriundos de municípios vizinhos, que trabalhavam na agricultura e viviam nas zonas periféricas da cidade. Na década de 40, com a instalação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e a exploração do carvão mineral, vem a construção do túnel, realizado pela Socimbra (Sociedade Construtora e Importadora Brasília Ltda), via necessária para o escoamento do carvão através do trem e a construção da Ferrovia Teresa Cristina. A população negra passa, então, a multiplicar-se com famílias em busca de trabalho e melhores condições de vida”, explicou.

MÃO DE OBRA

A professora explica ainda que além da contribuição para o crescimento da economia do município, por meio da mão de obra trabalhadora, os negros trouxeram na bagagem uma contribuição cultural. “Com os negros veio o boi de mamão, terno de rei, cantigas de roda, samba e Carnaval. Já na culinária, podemos destacar o angu, pé de moleque e a feijoada. Além de outros hábitos e costumes. Também se destacaram fortemente no esporte e atuantes no futebol. Tanto que temos o jogador natural da cidade, Valdo Cândido, que disputou a Copa do Mundo de 1986 e foi medalha de Prata nas Olimpíadas de Seul, em 1988”, ressaltou Nani.

FAMÍLIA E TRABALHO

Questionada sobre como a história da cidade se une a de sua família, a professora relata que seus pais se conheceram e foram para Siderópolis com o mesmo objetivo: trabalho. “Casaram e constituíram uma família com oito filhos, dois já falecidos. Seu Dário era natural de São Pedro de Alcântara, exerceu a profissão de encanador na CSN e aposentou-se na Carbonífera Treviso. Já dona Margarida, minha mãe, valente, meu exemplo de vida, tem 92 anos de idade, foi escolhedeira de carvão, lavadeira de beira de rio, doméstica, cozinheira. Depois dos 50 anos de idade, conclui o Ensino Médio. Aposentou-se como serviços gerais pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no Fórum da Comarca de Criciúma”, disse Eliana, emocionada.

Cicatrizes visíveis e memórias dos sofrimentos

“Minha história não é diferente de muitas meninas, adolescentes e mulheres negras da cidade. A história da mulher negra em Siderópolis é de fato uma narrativa de luta constante, um percurso que se entrelaça com a história do Brasil e das mulheres negras em diversas regiões. A cidade de Siderópolis, como muitas outras localidades brasileiras, não é apenas um espaço físico, mas também um território de resistência, de histórias de resistência e superação, especialmente para as mulheres negras. No passado, a luta da mulher foi invisível e silenciosa. Além disso, a mulher negra não só enfrentava a opressão racial e o machismo, mas também o estigma histórico da escravidão e a exclusão social. Suas lutas não eram apenas contra as condições de vida, mas contra a marginalização, a violência e a invisibilidade em um sistema que sempre as tratou como cidadãs de segunda classe,” enfatizou a professora.

Nani também ocupou uma cadeira no Legislativo

FORTALECIMENTO

Segundo Nani, nos últimos tempos, no entanto, presenciou-se um fortalecimento da presença e voz da mulher negra, não só em Siderópolis, mas em muitas outras cidades do Brasil. “Com o crescente empoderamento das mulheres negras, houve uma redefinição das narrativas sobre sua identidade e seu papel na sociedade. Em nossa cidade, pode-se observar como essa realidade também começa a se refletir nas ruas e nas comunidades, com mulheres negras se unindo para fortalecer sua identidade, celebrar sua cultura e exigir o reconhecimento que sempre foi negado. No entanto, é fundamental reconhecer que cada passo dado, cada conquista, é uma vitória não apenas para as mulheres negras de Siderópolis, mas para toda a sociedade. A luta é constante e, embora as cicatrizes sejam visíveis e as memórias dos sofrimentos passados estejam marcadas nas mentes e corações”.

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