Como as Ordens Executivas de Donald Trump tem afetado o Brasil?

Criciúma
Alexandra Cavaler
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Nos primeiros dias após a posse para o segundo mandato como presidente do Estados Unidos, Donald Trump assinou uma série de decretos, ou Ordens Executivas, e tomou inúmeras decisões que já afetam não apenas o Brasil, mas todo o mundo. No dia da posse, 20 de janeiro, a Casa Branca divulgou algumas das prioridades para o novo mandato: “Fazer os EUA seguros novamente” (com proposições que anunciam o fim do asilo a quem cruza a fronteira ilegalmente; e uma grande operação de deportação de imigrantes ilegais). “Fazer os EUA acessíveis e a energia dominante novamente” (retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas (decreto já assinado). “Drenar o pântano” (que tem entre as ações uma política externa chamada “America-First [Estados Unidos Primeiro]”. E “Trazer de volta os valores americanos” (este será feito em duas fases: O presidente estabelecerá o masculino e o feminino como realidade biológica e protegerá as mulheres da ideologia radical de gênero”; “Os marcos americanos serão nomeados para honrar apropriadamente a história da nossa nação”.

Entenda!

Para entender melhor como essas Ordens Executivas podem atingir os brasileiros, buscamos especialistas e imigrantes que vivem há mais de 30 anos nos Estados Unidos. Charles Claudino, que vive no país junto da esposa e da filha, todos devidamente legais, revela que há muitos imigrantes se escondendo no forro ou sótão de casas, pois a imigração está batendo em várias cidades. “Inclusive, já tem um monte de cidades que estão tentando amenizar a situação, porque ninguém mais está saindo para comprar nada. Precisa ver o mercado, o Walmart, que estava cheio de imigrantes comprando, agora está vazio. As lojas que vendem material de construção, vazias. O pessoal realmente está ficando com medo”.

Claudino exemplifica algumas situações que estão ocorrendo. “Primeiro disseram que prenderiam e deportariam quem tivesse problema com a justiça, mas, por exemplo, conversei com uma pessoa que foi presa e teve todo o status migratório checado, está ilegal, mas viram que eles não tinham nenhuma passagem na polícia e o liberaram. Mas já vi outras pessoas na mesma situação, sem problema algum e que acabam deportados. Então não dá para saber qual é o critério que eles estão usando, pois depende da cidade, do pessoal que está fazendo as averiguações, mas é certo de que estão todos ficando com medo, preocupados de verdade”.

Congresso

Charles também conta que o Congresso está buscando combater de alguma forma esses mandos do presidente. “Estão combatendo no Congresso porque a coisa está ficando mais forte; estão indo pra cima do Trump. Veja bem, os maridos saem para trabalhar, deixam suas esposas, mas não sabem se vão voltar; não pode ir no mercado, pois pode não voltar pra casa. Eles olham para as pessoas e se acham que tem cara de imigrante, eles param. Mas assim, o que eles estão priorizando mesmo é quem tem algum registro criminal. O que eles consideram criminoso, nestes casos? Quando o imigrante chega na fronteira acaba se entregando à imigração que faz o registro e libera com condicionantes, ou seja, não há necessidade de correr da imigração, tu só te entregas para eles; eles te registram, e te soltam. A pessoa fica aqui por um ano ou dois, mas precisa comparecer a corte, ou fórum no Brasil, e esse comparecimento na corte pode acontecer duas ou três vezes e se tudo estiver bem, eles vão liberando e marcando nova data. Mas o imigrante tem medo e acaba não comparecendo e desta foram ficam devendo à corte. E são essas pessoas que eles estão procurando. Inclusive, eles vão direto na lista de quem está em débito com a corte. E se essa pessoa já teve passagem pela polícia, vai embora. E se tem filho, eles deixam sob custódia de uma família americana até que sejam repatriados”, ressalta o cidadão americano.

Primeiros deportados foi determinação de Biden

Claudino ainda conta que esses primeiros brasileiros deportados não estão sob os decretos de Trump. “Estes ainda serão presos. Esse pessoal que está voltando já estava aguardando o retorno pra casa. Esses que o governo de Donald Trump está buscando serão presos ainda, vão passar pelo juiz, vão assinar papéis, e isso leva um tempo. Outra coisa, todos sempre foram deportados algemados, independente do presidente. Isso é norma para qualquer um que é deportado. Ainda sobre quem vai ou não voltar pra casa eu, particularmente, acredito que os órgãos competentes vão analisar os históricos das pessoas e dependendo da situação, pode até ficar. Eu acredito ainda que quem ficar e não passar por essa malha fina, ele vai legalizar, porque aqui precisam muito desta mão de obra. Não tem como tirar todo mundo. Mas ainda assim, tem muita gente apavorada”, assinala.

Nascidos na América

Quanto ao decreto relacionado aos filhos de imigrantes nascidos nos EUA, Charles comenta que isso é um decreto, não uma lei, e pode ser alterado a cada governo. “Já tivemos várias mudanças e elas vão continuar acontecendo, Trump pode dar um aperto agora, mas depois vem outro governo e altera tudo, então com isso as pessoas não estão muito preocupadas até porque para aplicar isso tem uma série de coisas a ser vista”.

Configurações do comércio exterior X oscilação do dólar

Camila Nuernberg Rodrigues, empresária na C Way International Business, diz que neste primeiro momento acreditou que as coisas ficariam pior, mas ainda não houve impactos significativos. “Eu achei que ia ficar pior para as vendas e tal, mas todos os dias temos clientes fazendo pedidos. O que pode trazer mudanças para a minha área especificamente é a economia, ou seja, a questão do dólar alto ou baixo. Como dólar alto, temos vantagens, mas se baixar, esse ramo acaba não muito favorecido, pois a gente fica com dificuldade de vender ao perder competitividade. O nosso produto fica mais caro. Mas estamos mantendo nossos clientes, os quais já estão conosco há muito tempo, então penso que não teremos grandes interferências. Já quanto aos imigrantes, eu acredito que o Trump vai acabar legalizando muitos deles”, declara.

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