Resíduos do cultivo da banana podem se tornar embalagens biodegradáveis

Criciúma
Alexandra Cavaler
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Uma linha de pesquisa realizada no campus do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) de Criciúma, busca no reaproveitamento dos resíduos da bananeira, o desenvolvimento de plásticos biodegradáveis. Uma parte da pesquisa foi apresentada no final do ano passado, na 4ª Mostra de Iniciação Científica e Tecnológica do IFSC, e também foi premiada com nota máxima na categoria Ciências Exatas e da Terra.

Inicialmente, segundo o professor Rodrigo Battisti, o objetivo é produzir hidrogéis “que são materiais superabsorventes, ou seja, conseguem absorver até 100 vezes o seu próprio peso, e aplicar esses materiais na descontaminação de efluentes contendo poluição, mas futuramente pretendemos produzir alguma embalagem com esse material, porém isso ainda está em fase inicial de estudo, mas explorar ainda mais as propriedades dos hidrogéis feitos com resíduos de banana, é uma forma de buscar maneiras de melhorar sua eficiência e expandir suas aplicações”, avaliou o professor.

Cultivo regional

Rodrigo Battisti ainda revela como surgiu a iniciativa. “A ideia surgiu a partir das linhas de pesquisa que viemos trabalhando sobre o reaproveitamento de resíduos para transformar em produtos de valor agregado, ajudando a minimizar o descarte de resíduos e valorizando os produtos cultivados na região. Como a banana é uma cultura bastante cultivada por aqui, resolvemos que seria nossa fonte de matéria-prima. Inclusive, o projeto que iniciou em 2023, por meio de aprovação de uma agência de fomento nacional (Finep), e ainda está em curso, já apresenta resultados positivos, mas cabe registrar que ainda há bastante coisa a ser estudada e explorada”, ressaltou.

Produção dos biopolímeros celulósicos X contaminantes

Biopolímeros, também conhecidos como polímeros biodegradáveis, são compostos químicos obtidos a partir da atividade de organismos vivos ou de matérias-primas provenientes de fontes renováveis de energia. Na pesquisa desenvolvida no IFSC, os biopolímeros acetato de celulose (AC) e carboximetilcelulose (CMC) foram produzidos a partir da celulose extraída e purificada do pseudocaule, do engaço (parte que sustenta as pencas) e da folha, resíduos que ficam após a colheita da banana.

“Biopolímeros celulósicos são materiais poliméricos [plásticos] de origem renovável, pois a celulose oriunda do resíduo da banana é a matéria-prima para obtenção dos mesmos. Com isso, a ideia é reduzir o consumo de materiais plásticos de origem fóssil [petróleo], substituindo por esses de origem sustentável”, destaca o professor Rodrigo Battisti, acrescentando que o objetivo é produzir, a partir dos plásticos biodegradáveis, hidrogéis superabsorventes, “isto é, polímeros capazes de fixar em suas superfícies moléculas dispersas em um meio, para testar a sua capacidade de remoção de contaminantes em efluentes industriais”.

Diversificação

“As aplicações são muito diversas, mas esses materiais que estamos produzindo serão aplicados na produção de hidrogéis para remediação de efluentes, atuando como materiais superabsorventes de poluentes presentes em resíduos líquidos. Porém, há inúmeros estudos com aplicações na área biomédica, têxtil, de embalagens, entre outras”, explica o professor, que conta com a técnica Graziele Vefago Possenti e as estudantes Sthefani Silva Luciano, Ana Julia Bortolin, Hellen Silveira Veneranto, Lavinia Gomes Paz e Isabele da Silveira Pereira, do curso técnico integrado em Química e da Licenciatura em Química, na equipe de pesquisa.

Reciclagem continua necessária

O hidrogel a partir de resíduos de banana é uma inovação interessante que combina sustentabilidade e funcionalidade. Essa abordagem não só representa uma forma inovadora de valorização dos resíduos agrícolas, mas também contribui para práticas mais sustentáveis em diversas indústrias.

Elias Caetano, diretor executivo do Sindicato das Indústrias Plásticas do Sul Catarinense (Sinplasc), conta que o sindicato já tem conhecimento do projeto e que a equipe pretende realizar uma visita para conhecer a proposta a fundo, em breve. Ele também avalia a importância de estudos e pesquisas com esse teor, mas afirma que não há uma solução única. “Não existe uma única solução, uma “bala de prata” para mitigar os impactos dos resíduos no meio ambiente. Consideramos que os Bioplásticos, tanto de fontes renováveis quanto os Plásticos Biodegradáveis também são rotas promissoras e portadoras de futuro, apesar da disponibilidade dessas matérias-primas ainda ser insuficiente para atender a demanda e o seu custo ainda costuma ser muito alto para a população”, avaliou.

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