Família pede justiça por Thamily Venâncio Ereno

Criciúma
Luan Ghisi
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F oi sepultada, ontem, Thamily Venâncio Ereno, de 23 anos, em Lauro Müller. Apesar de não possuir antecedentes criminais, ela foi a vítima fatal em uma operação das forças de segurança que ocorreu na última sexta-feira, em Criciúma. Na ocasião, a Polícia Civil (PCSC) estava em diligências para tentar capturar o namorado da jovem, que foi atingida por um tiro após uma tentativa de fuga do motorista do veículo em que eles estavam. Nas cerimônias de despedida, a família lembrou com carinho da jovem e pediu uma explicação por parte da corporação.

“Muito magoado, mas todos precisam saber quem era minha filha. A minha filha era uma pessoa maravilhosa, estava na última fase de odontologia, uma menina trabalhadora, muito amada, uma menina de ouro. Aí simplesmente ela foi arrancada deste mundo, brutalmente”, contou David Ereno, pai de Thamily.

Respostas

O homem também levantou a questão relacionada à ocorrência, tendo em vista que a jovem foi a única atingida, mas não tinha envolvimento relacionado com o tema da operação policial. Ele também destacou a falta de respostas por parte da Polícia Civil para a família.

“Ela levou um tiro na nuca, isso é inconcebível. Não tem como uma polícia fazer isso, eles são nossa proteção? Eles que protegem a gente? Espero que essa pessoa que fez isso consiga colocar a cabeça no travesseiro e dormir. Não desejo nada de mal para ela. A minha filha nunca foi uma pessoa ruim, então porque eu vou ser uma pessoa ruim? Eu só quero entender a preparação da Polícia. O que a Polícia tem contra a minha filha? Eu só quero esclarecimentos, eles só me deram um papel, que eles escreveram o que quiseram. Eu só quero a verdade”, destacou o pai.

Movimento

Hemely Silveira, prima da vítima, destacou o caráter de Thamily, afirmando que ela não estaria relacionada com atividades ilícitas. “Ela era uma menina abençoada, estudiosa, trabalhadora. Com certeza ela não tem nenhum envolvimento. Foi uma tragédia, estamos desolados por isso, não tenho nem palavras para dizer”, disse ela.

Nas redes sociais, a família criou a página “Justiça Pela Thamily”, que foi utilizada para atualizar a situação da jovem no decorrer do fim de semana e agora está empenhada em cobrar explicações sobre a ação policial que terminou com a morte dela. Já são mais de 5 mil seguidores acompanhando os desdobramentos do caso.

Ontem, mais detalhes sobre a operação policial que resultou na morte trágica de Thamily foram dados. Segundo o responsável pela 6ª Delegacia Regional de Polícia (DRP) Criciúma, delegado André Borges Milanese, os agentes envolvidos na ação não sabiam da existência da mulher dentro do veículo e o disparo foi feito em legítima defesa pela policial, versão que teria sido corroborada pela perícia.

Ainda de acordo com ele, o namorado da vítima já tinha sido alvo de uma operação nos últimos dias, levando ao mandado de prisão preventiva em seu nome. Ele seria “perigoso” e é investigado por envolvimento com armas e no tráfico de drogas, além de participação em uma organização criminosa.

Segundo o que foi apurado pela Polícia Civil, o foragido e a vítima viviam juntos em Nova Veneza e, enquanto isso, os agentes estavam de tocaia nas proximidades da casa do pai dele, em Criciúma, acreditando que ele iria ao local.

Fuga tentada

Na ocasião, o jovem, de 20 anos, acompanhado da namorada, chegou de carona, entrou na casa e ao voltar, foi abordado por quatro policiais, que estavam em duas viaturas sem identificação, como é praxe em diligências investigativas. A jovem estava no banco de trás, mas, segundo a corporação, não foi vista.

O condutor alega que acreditava estar sofrendo um assalto e, com isso, acelerou. Já o delegado apontou que os policiais se identificaram e foram reconhecidos, tendo em vista que o foragido começou a gritar com o motorista, provavelmente ordenando para que ele fugisse, enquanto batia com seu celular para tentar quebrá-lo.

Dessa forma, uma policial, que ficou encurralada entre o veículo dos suspeitos e um barranco, efetuou um disparo como legítima defesa, momento em que o carro colidiu contra uma viatura e parou. Assim, foi constatado que a jovem estava no banco de trás e foi atingida. A perícia do local apontou que as marcas de pneu indicavam a aceleração do carro na pista.

O condutor do veículo, que se declarou motorista de aplicativo, não teria comprovado aos policiais essa situação, afirmando ter sido acionado para a “corrida” por meio de um aplicativo de mensagens. O namorado de Thamily está preso seguindo a ordem judicial que mobilizou a operação. Enquanto isso, o motorista também foi detido em flagrante e depois teve a prisão convertida para preventiva, por tentativa de homicídio e desobediência contra os policiais.

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