Parcerias fazem de histórias divididas, elos de empatia e amor

Criciúma
Alexandra Cavaler
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O Ministério Público atua em parceria com diversas organizações sociais, oferecendo uma rede de apoio que vai além das questões jurídicas. Essa colaboração é essencial para garantir que as mulheres tenham acesso a recursos como, por exemplo, assistência psicológica. O objetivo é não apenas resolver casos individuais, mas também promover mudanças estruturais que ajudem a prevenir a violência contra a mulher.

Na Unesc, as vítimas encaminhadas pelo MPSC podem contar com todos os serviços de extensão, inclusive apoio psicológico e os oferecidos nas clínicas de saúde. Além disso, apoio e aconselhamento jurídico feito pelas Clínicas de Direitos Humanos e Casas da Cidadania, acompanhamento psicológico individual ou em grupos, acesso aos serviços de saúde, capacitação profissional, entre outros.

Acolher

O professor responsável pelo projeto Respira, da Unesc, psicólogo Geison Carvalho Marques, coloca que o projeto Navit, unido ao Respira, tem como principal objetivo oferecer suporte integral às vítimas de crimes, incluindo mulheres que sofreram violência. “Ao centralizar diversos serviços em um único local, o Navit busca facilitar o acesso das vítimas a atendimentos especializados, promovendo acolhimento e orientação adequados, ou seja, elas recebem assistência multidisciplinar, que pode incluir apoio psicológico, orientação jurídica e encaminhamento para outros serviços especializados da rede de atendimento à mulher. O núcleo atua como um ponto de referência, garantindo que as vítimas tenham acesso aos recursos necessários para sua proteção e recuperação”.

Apoio mútuo

O profissional explica de que forma o trabalho em grupo e o apoio mútuo entre as participantes contribuem para o processo de cura. “A cura não acontece sozinha. O grupo se torna uma segunda casa, um refúgio onde as dores são entendidas sem julgamentos. Quando uma mulher compartilha sua história e vê que outras passaram pelo mesmo, um elo invisível é formado: um elo de compreensão, acolhimento e empatia. Juntas, elas redescobrem sua voz, sua força, sua capacidade de sonhar novamente. É nesse espaço de escuta e partilha que o peso da culpa se dissolve e a esperança renasce. Cada abraço, cada palavra de incentivo, cada lágrima compartilhada transforma dor em resistência, ferida em aprendizado. No Respira, ninguém precisa carregar o fardo sozinha”.

Habilidades para tomar decisões

Marques ainda ressalta a importância da educação e do empoderamento na recuperação dessas mulheres. “A educação e o empoderamento são fundamentais no processo de recuperação das mulheres vítimas de violência. Ao adquirir conhecimento sobre seus direitos e desenvolver habilidades para a autonomia econômica, as mulheres fortalecem sua autoestima e capacidade de tomar decisões, rompendo o ciclo de violência e construindo um futuro mais seguro e independente. Até porque muitas mulheres enfrentam barreiras significativas ao buscar ajuda, como o medo de represálias, dependência financeira do agressor, falta de informação sobre os serviços disponíveis e, em algumas regiões, a ausência de uma rede de apoio estruturada. Superar o estigma social e a vergonha também são desafios que dificultam a procura por assistência”.

Conscientizar a comunidade

O professor Geison conta como o projeto promove a conscientização sobre a violência contra a mulher na comunidade uma vez que a violência contra a mulher é um problema silencioso que deixa marcas profundas, muitas vezes invisíveis. “O projeto Respira, da Unesc, surge como a luz no fim do tunel para essas mulheres, não apenas oferecendo acolhimento, mas também lançando uma poderosa mensagem à sociedade: a violência não pode ser normalizada, e a cura é possível. Através de grupos terapêuticos, palestras e diálogos comunitários, o projeto ilumina caminhos, encorajando mulheres a romperem o silêncio e mostrando à sociedade que todos têm um papel na construção de um mundo mais justo e seguro. A conscientização nasce na escuta, no acolhimento e no entendimento de que ninguém está sozinha nessa luta.

Renascer

Ela inda lembra que entre as muitas mulheres que passaram pelo projeto, há histórias de dor, mas também de coragem e renascimento. Uma delas, segundo o psicólogo, chegou ao grupo com o olhar baixo, a voz quase inaudível, carregando anos de sofrimento em silêncio. “Ela sentia-se incapaz de recomeçar, como se sua identidade tivesse sido apagada pela violência. Mas ao compartilhar sua história e ouvir outras mulheres, algo dentro dela começou a mudar. Semana após semana, seu olhar foi se tornando mais firme, suas palavras mais seguras. Descobriu que ainda havia força dentro dela. Hoje, ela trilha seu próprio caminho, reconstruiu sua vida e tornou-se inspiração para outras mulheres. Essa é a verdadeira essência do projeto: ser um ponto de virada”, destacou.

“Você não está sozinha!”

“Se você está lendo isso e sente que está presa a um ciclo de dor, por favor, saiba: você não está sozinha. Sei que o medo pode ser paralisante, que o peso da dúvida e da vergonha pode fazer parecer impossível pedir ajuda. Mas você merece ser ouvida, merece ser acolhida, merece uma vida sem medo. Existe um caminho para fora da dor, e há pessoas dispostas a caminhar ao seu lado. Você tem valor, sua voz importa e sua história não termina aqui”, enfatizou Marques ao deixar uma mensagem para mulheres que podem estar precisando de ajuda.

E concluiu: “Se precisar de ajuda, estenda a mão. O primeiro passo pode ser difícil, mas será libertador. Há um futuro esperando por você onde você se reencontra consigo mesma e a felicidade é possível novamente. Você é forte. Você é capaz. E você merece ser feliz”.

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