Morro da Fumaça/Lauro Müller
Paulo Paixão
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Com a passagem do Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado, dia 8, não podemos deixar de lembrar que o papel feminino na política tem sido cada vez mais relevante no Sul de Santa Catarina, especialmente na Região Carbonífera.
As mulheres conquistaram o direito de votar e serem votadas no Brasil com o Código Eleitoral de 1932, durante o governo de Getúlio Vargas. Esse código permitiu que elas concorressem a cargos públicos pela primeira vez. Em 1933, Carlota Pereira de Queirós tornou-se a primeira mulher eleita no Brasil, ocupando uma cadeira na Assembleia Nacional Constituinte de 1934.
Na Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec), seis cidades têm mulheres no comando das Câmaras de Vereadores (Morro da Fumaça – Marijane Felippe; Siderópolis – Gláucia Cesa Périco; e Lauro Müller – Ema Hofmann Benedet), enquanto outras três têm as Prefeituras sob administração feminina (Içara – Dalvania Cardoso; Nova Veneza – Ângela Ghislandi e Urussanga – Stela Talamini).
Consolidação nos Executivos após a eleição de 2024
Das 12 cidades que compõem a Amrec, Nova Veneza, Urussanga e Içara são administradas por mulheres, sendo que as duas primeiras contam com gestões inéditas lideradas por prefeitas.
Ângela Ghislandi comenta o desafio de administrar a Prefeitura de Nova Veneza. “Esses primeiros meses à frente da Prefeitura, como todo início, têm sido um pouco conturbados. Estamos buscando conhecer a real situação, que infelizmente não é das melhores. Há problemas como infiltrações nos prédios públicos e escolas, além de dificuldades na manutenção das máquinas. Mas faz parte do desafio, e como gestora, gosto de um bom desafio. Estamos aqui para dar o nosso máximo”, diz a prefeita. Sobre a crescente participação feminina na política, a prefeita estreante destaca: “A mulher entrega muito sentimento e coração, mas, ao mesmo tempo, é detalhista e sabe medir quando usar a emoção, a razão ou o pulso firme”.
Já Stela Talamini, prefeita de Urussanga, ressalta os avanços das mulheres na política, mas lembra que ainda há desafios a serem superados. “A presença feminina na política tem avançado, mas ainda há muitos obstáculos. As mulheres trazem um olhar sensível e estratégico para a gestão pública, contribuindo com soluções inovadoras e uma administração mais inclusiva”, comenta Stela. Sobre os primeiros meses de governo, ela lembra: “Foram meses desafiadores, mas muito produtivos. Estamos reorganizando e implantando ações para o desenvolvimento de Urussanga. Contamos com uma equipe dedicada e competente, incluindo muitas mulheres em posições de liderança, que têm trabalhado pelo bem de Urussanga e dos urussanguenses”, diz a prefeita de Urussanga.
Cada vez mais vagas ocupadas
Mesmo com o crescimento feminino na política regional, a prefeita espera que mais mulheres se interessem por questões públicas. “Ocupar espaços de decisão é fundamental para garantir que as políticas públicas contemplem as necessidades da população como um todo. Espero que cada vez mais mulheres se sintam encorajadas a participar da vida política e assumir papéis de liderança”, sinaliza Stela.
A posição da mulher içarense na política se consolida com a prefeita Dalvania Cardoso, reeleita no ano passado com quase 80% de aprovação do eleitorado.
AMESC
A Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc) também está sob o comando de uma mulher: a prefeita de Sombrio, Gislaine Cunha, que lidera a entidade composta por 15 cidades.
Única
A única prefeita do Extremo Sul destaca sua satisfação com a crescente presença feminina na política. “A participação das mulheres na política é essencial para construirmos uma sociedade mais igualitária e representativa. Como única prefeita da Amesc, vejo com grande satisfação que cada vez mais mulheres estão ocupando espaços de decisão e fazendo a diferença. O lugar da mulher é onde ela quiser, basta querer e se dedicar! Sei que os desafios existem, mas também sei da força, da competência e da determinação que nós, mulheres, temos para superar qualquer obstáculo. Espero que possamos inspirar mais mulheres a se envolverem na política e em todas as áreas que desejarem. Uma sociedade com mais mulheres à frente das decisões é mais justa e equilibrada”, avalia Gislaine Cunha, prefeita de Sombrio.
Representatividade nas Câmaras de Vereadores da região
As mulheres também ocupam cargos de liderança nas Câmaras de Vereadores, trazendo um olhar diferenciado para o Legislativo.
A presidente do Legislativo de Morro da Fumaça, Marijane Felippe, ressalta a importância da presença feminina. “As mulheres têm um papel essencial na política, trazendo novas perspectivas e uma forma de governar baseada no diálogo, na sensibilidade e na busca pela equidade. Nossa presença nos espaços de decisão fortalece a democracia e garante que as políticas públicas contemplem, de maneira mais ampla, as necessidades da população”, comenta. Ela também lembra os desafios enfrentados: “Ainda há obstáculos a superar, mas cada conquista nos impulsiona a continuar avançando. Quanto mais mulheres participam da política, mais ampliamos as vozes que representam as diferentes realidades da nossa sociedade, promovendo mudanças reais e significativas”, finaliza Marijane.
Insistência fez a trajetória
Em Lauro Müller, a trajetória de Ema Hofmann Benedet mostra que a insistência e a dedicação fazem a diferença. Ela já ocupou a presidência do Legislativo três vezes: “Minha vida na política começou quando o meu partido, o MDB, precisava completar a cota feminina para a eleição. Uma candidata desistiu na última hora. Em 2008, recebi 315 votos e não fui eleita, mas não desisti. Agora, estou no quarto mandato e pela terceira vez na presidência da Câmara”.
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